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Écloga é um poema ambientado na natureza, que apresenta, na maioria das vezes, a forma de um diálogo entre pastores ou o solilóquio de um só pastor, de tal modo que pode ser representado como uma pequena peça de teatro. O termo "écloga" deriva do grego eklogē (ἐκλογή), "seleção, poesia escolhida", através do latim ecloga.
O termo foi inicialmente aplicado aos poemas bucólicos de Virgílio, que imitavam os Idílios, de Teócrito. Depois do poeta de Mântua, foi cultivada na Antiguidade por Calpúrnio Sículo, Nemesiano e Ausónio.
Dante escreveu dois poemas bucólicos em latim, imitando Virgílio, e o humanista português Henrique Caiado (Lisboa, por volta de 1470 - Roma, 1509 ) escreveu nove éclogas, também em latim, muito celebradas no seu tempo e cuja qualidade poética e perfeição formal permanecem inegáveis nos nossos dias:
Durante o Renascimento, popularizaram-se as éclogas em línguas vernáculas, em especial as de Garcilaso de la Vega, Juan Boscán, Jacopo Sannazaro, Cristóvão Falcão, António Ferreira, Camões, Sá de Miranda, Bernardim Ribeiro e Diogo Bernardes. Em épocas posteriores cultivaram-nas também Jorge de Montemor, Lope de Vega, Manuel da Veiga Tagarrro, Francisco Rodrigues Lobo, Fernão Álvares do Oriente, Eugénio de Castro, entre outros. O Monólogo do Vaqueiro, de Gil Vicente, pode ser considerado uma écloga propositadamente concebida para ser representada. Vejamos a primeira estrofe da "Écloga IV" de Camões:
Muitas vezes, as éclogas podem incluir uma invocação a Tália, musa do drama pastoril e da comédia, ou então uma dedicatória a um mecenas, um amigo ou uma pessoa amada. As éclogas também contam, muitas vezes, com referências ou participação de seres da mitologia clássica, em especial de sátiros e de ninfas.
Também podem ocorrer variações no tema - Sannazaro escreveu as Eclogae Piscatoriae, substituindo os pastores virgilianos por pescadores da baía de Nápoles, o que levou Camões a produzir ele também "éclogas piscatórias". Autores como Sannazaro, na sua Arcádia, Jorge de Montemor, na sua Diana e Francisco Rodrigues Lobo, no Pastor Peregrino, iniciaram a intercalar os versos dialogados das éclogas com trechos de prosa, que introduziam e desenvolviam a ação do poema. No Barroco, Manuel de Faria e Sousa compôs éclogas centónicas, isto é, recombinando versos de outros autores apenas.
Popular um pouco por toda a Europa ocidental, devido ao legado grecorromano, escreveram também este tipo de poesia Edmund Spenser, Pierre de Ronsard, Clément Marot, Szymon Szymonowic e Józef Bartłomiej Zimorowic. Stephane Mallarmé celebrizou-se com a écloga L'Après Midi d'un Faune. Miklós Radnóti (1909-1944), poeta húngaro, compôs éclogas sobre o Holocausto. Afonso Lopes Vieira (1878-1946) publicou, em 1937, as Éclogas de Agora, livro proibido até 25 de abril de 1974, por conter uma ácida crítica à brutalidade do regime salazarista, através do diálogo dos pastores Hipério e Viviano.
A repercussão das influência das éclogas chega mesmo a Fernando Pessoa, cujo heterónimo Alberto Caeiro, poeta bucólico, afirma, como se estivesse em permanente solilóquio, tal qual os zagais dos versos antigos:
("Poema XII do Guardador de Rebanhos").